O campo da esquerda política brasileira enfrenta atualmente um desafio significativo no Brasil, ela precisa resgatar sua conexão com a base popular. Infelizmente, observa-se que a comunicação, atuação e presença da maioria das lideranças desse campo a esquerda tem caminhado na contramão dessa necessidade de reconexão, na verdade tem se afastado gradualmente dessa base, ficando cada vez mais distante das reais necessidades e anseios do povo.
Uma das principais razões apontadas para essa lacuna é a cooptação da esquerda pelo pensamento neoliberal, os vetores puxam fortemente para a direita e estão representados na linguagem, na ação vacilante de lideranças, no silenciamento de críticas. Ao se aproximar desse ideário, a esquerda acabou perdendo sua essência, seu senso de justiça social e sua capacidade de articular e defender uma alternativa efetiva às políticas conservadoras e prejudiciais à classe trabalhadora.
Em meio a este cenário acontece o 1º de Maio, as centrais sindicais realizaram uma reunião no Farol da Barra, em Salvador, na tarde desta quarta-feira (1º de Maio), Dia do Trabalhador. Porém, a adesão a este evento foi pequena, refletindo o desafio que a esquerda enfrenta em estabelecer novas pontes na direção do povo. Este fato é recorrente, há uma fala recorrente que mobilizar o povo está difícil. Neste ato, servidores públicos cobraram do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), reajuste salarial e maior orçamento para as universidades públicas. Essa mobilização obteve, na prática, pouca aderência popular, demonstra que a prática do campo da esquerda tem fragilidades e a dificuldade em conexão com o povo é seu mais gritante sintoma. A luta contínua da esquerda em prol dos direitos e melhorias nas condições de trabalho precisa ser repensada em seus métodos.
Além dessa questão, a maciça presença da esquerda em cargos públicos também parece ter contribuído para sua desestruturação. Muitas vezes, os líderes esqueceram-se de suas raízes e passam a priorizar interesses pessoais e corporativos, em detrimento das demandas da população.
Como consequência, a esquerda tem perdido a relevância de seu discurso e a conexão com o cotidiano popular. Enquanto a extrema-direita consegue mobilizar e engajar as massas, a esquerda muitas vezes se limita a debates nas redes sociais, sem uma presença efetiva nas ruas.
Para reverter essa situação, é fundamental que a esquerda, que se apresenta vacilante e titubeante, realize uma profunda autocrítica e reconecte-se com sua base popular, socialista, fortaleça os vetores que tencionam à esquerda. Isso implica em transformar o conforto das colunas de opinião, as bolhas digitais, em reflexos da radical vida no chão da vida popular e sair às ruas para ouvir, dialogar e atuar conjuntamente com a população.
Somente com uma esquerda forte, mobilizada e comprometida com as reais necessidades do povo, será possível enfrentar a ameaça da extrema-direita e garantir a reeleição de líderes progressistas em 2026. É hora de separar o joio do trigo, da esquerda resgatar sua relevância e sua capacidade de transformação social.
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