O Pragmatismo Viril e a Manutenção do Status Quo Hegemônico: Uma Perspectiva Feminista e Decolonial

Imagem: Jaeraymie

Gestora Ambiental, Educadora Social, Petista da AE
e Secretária de Movimentos Sociais DM Ibicoara/BA

Observo com tristeza que o pragmatismo político, a legítima ferramenta de pensar rumos, tem sido frequentemente utilizado como uma ferramenta para manter o status quo dos masculinos. E quando essa abordagem é usada para perpetuar a dominação masculina e os interesses dos homens no poder, eu o chamo de “pragmatismo viril”. Este artigo explora, de forma preliminar, esse novo conceito e sua relação com a manutenção do status quo dos masculinos.

O conceito de “pragmatismo viril” como um elemento intrínseco da resistência masculina às conquistas sociopolíticas, econômicas e de poder das mulheres é uma alcunha que venho defendendo. Argumento que o pragmatismo viril tem sido frequentemente utilizado como uma ferramenta para manter o status quo dos masculinos, tanto à direita, como à esquerda na arena política. Nas entrelinhas dessa arquitetura vejo essa abordagem ser usada para perpetuar a dominação masculina e os interesses dos homens no poder. Afirmo que ela serve para marginalizar as vozes femininas que discordam sobre métodos e estratégias e evidentemente potencializa as mulheres que não se rebelam, que dizem amém. Assim fica difícil companheira!

O pragmatismo viril opera dentro de um sistema de poder que favorece os homens, muitas vezes à custa das mulheres e de outros grupos marginalizados. Ele se manifesta de várias formas, desde a perpetuação de normas de gênero até a marginalização de vozes femininas na política ou no caso da simples recusa de ultrapassar os 30% da cota de gênero nas pré-candidaturas. A paridade de gênero parece distante e quando a narrativa usa o pragmatismo como alicerce para manutenção do mínimo, ele serve a quem? No contexto do Partido dos Trabalhadores, por exemplo, pode haver uma tendência a priorizar as vozes e perspectivas masculinas, mesmo quando isso contradiz os princípios declarados do partido de igualdade de gênero e justiça social.

A base para esta tese vem de várias correntes de pensamento feminista e decolonial. O feminismo, em suas várias formas, tem se concentrado na desconstrução das estruturas de poder que perpetuam a desigualdade de gênero e a violência cotidiana. Da mesma forma, o pensamento decolonial busca desafiar e desmantelar as estruturas de poder que surgiram do colonialismo e que continuam a perpetuar a opressão e a desigualdade. Porém, precisamos mais que teorizar, precisamos dizer às claras, fazer a revelia dos desejos e comandos dos masculinos eternamente entronados.

Em suma, urge que nos esforcemos para reconhecer a questão, colocar na mesa as insatisfações, registrá-las e desafiar essas dinâmicas em nosso próprio pensamento e ação.

REFERÊNCIAS:

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